terça-feira, 27 de abril de 2010

DE PRINCIPATIBUS

Parece-me um bom primeiro post, além de me ser muito simpática a idéia de adotar como Nome Simbólico. O pensador com quem mais me identifico; Niccolo Machiavelli.

Reconhecido quase que exclusivamente em função da famigerada expressão “maquiavélica”, que designa pessoas cínicas, ardilosas, traiçoeiras, que, para atingir fins inconfessáveis, usam de mentira e má-fé. Quando muito, ao ouvirem falar de Nicolau Maquiavel, sempre tem um gênio que no ápice de sua sapiência fala, compassadamente, “Os fins justificam os meios”.

Fica aqui meu protesto contra todos aqueles, sedentos pela mínima demonstração de conhecimento, ou por pura idiotice sempre fazem a mesma coisa, quando alguém fala um nome célebre, logo vem em mente a única coisa que o infeliz sabe sobre o cara.
- Jacques Rousseau!
E o cara ainda tem a insolência de abrir a boca pra falar: “O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe”. Outro fala:
- Augusto Comte!
- “O pensamento positivista”
- Karl Marx!
- “O pai do comunismo” ... “A religião é o ópio do povo”.

- William Shakespeare!
- “Há mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia”

- Sócrates!
- “Só sei que nada sei"

- Fernando Pessoa!
- “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena"

- Jô Soares!
- “Beijo do gordo!”

- William Bonner!
- “Boa Noite”

E poderia citar muitos outros clichês e jargões que só servem pra detectar pessoas que falam sobre tudo e não sabem sobre nada. Mas voltemos ao que interessa.

Nascido em 3 de maio de 1469, Maquiavel, foi historiador, poeta, diplomata e músico italiano do renascimento. Ficou conhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna. Não escrevia sobre como a política deveria ser, ao contrário de muitos, mas sim como ela é. Viveu no epicentro político da época, onde reuniam os mais poderosos governantes. Maquiavel, em sua obra prima “O Príncipe” escreveu o que se pode considerar um manual de instruções para todo e qualquer indivíduo desejoso de poder político. Livro de cabeceira de uns, trancado a sete chaves por outros, o fato é que se Maquiavel, o terrível manipulador, capaz de enganar com sutileza, manobrar situações, convencer pessoas, fazer pessoas pensarem que estavam agindo livremente, quando estavam sendo induzidas por uma mente astuta e diabólica, não passaria de um mero aprendiz que escreve livros para escola primária, um santo, iria pro céu, teria 72 virgens lhe servindo mel, estaria cercado de anjos tocando harpas, se comparado aos nossos atuais governantes brasileiros.
Ninguém escreveu um livro há mais de 500 anos tão atual quando ele. Livro de cabeceira de Delfim Netto. É como o be-a-bá para políticos. Nicolau Maquiavel fez da política uma categoria autônoma, desvinculada da religião e da moral cristã. Com isso, inaugurou uma forma de pensar que, ainda hoje, permite-nos visualizar e compreender melhor as exigências decorrentes do surgimento do Estado moderno. Muitas das questões abordadas por Maquiavel continuam a desafiar nossa inteligência.

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